terça-feira, 19 de julho de 2011

Ignorância Brasileira

Eu definitivamente não entendo. Eu amo futebol. Adoro o futebol bem jogado, talvez o melhor jogo que eu já vi na minha vida foi entre o Milan, da Itália, e o Liverpool, da Inglaterra. Sou brasileiro e não torço pela seleção brasileira a muito tempo talvez mais precisamente desde 1998 quando eu comecei a ver um jogador extraordinário jogar que foi o Zinedine Zidane que fez dois gols no Brasil naquela final de Copa que o Brasil perdeu de 3 a 0 para a França. Torcer para o Brasil não me faz mais ou menos brasileiro, mas eu não me importo com isso. O que me deixa irritado são pessoas que não entendem e dizem que entendem algo de futebol mas não conseguem apreciar o bom futebol, ou seja, pessoas que torcem contra os grandes times.
Como tinha brasileiro torcendo contra a Argentina no sábado, e pq? Simplesmente pq uma parte da empresa faz um fake dizendo que Brasil e Argentina é a maior rivalidade Sul-americana quando na verdade é exatamente Argentina e Uruguai, os argentinos não estão nem aí com essa farsa imposta pela empresa brasileira, é só aqui no Brasil que esse quase ódio contra os nossos hermanos é alimentado, tanto que chega a extrapolar o âmbito do futebol e passamos a odiá-los como povo e começamos a fazer a babaquice de achar que tudo que vem da Argentina é ruim.
O povo argentino é muito receptivo e solidário, o futebol argentino é para ser admirado afinal a Argentina tem uma população de mais ou menos 1/5 da brasileira e mesmo assim consegue criar grandes jogadores como Batistuta, Maradonna, Messi, entre outros.
Segue abaixo um texto de Fernando Faro cujo eu concordo plenamente.

Contra o antiargentinismo
Nunca vi um povo comemorar um gol como o argentino. No campo ou na arquibancada, as veias saltam e a cor geralmente desbotada da pele portenha rapidamente se avermelha como um belo Malbec.

Quando a derrota vem, o vulcão de sentimentos permanece o mesmo. O chão some, as mãos trêmulas buscam repouso nas cabeças e não raro as lágrimas escorrem em profusão estarrecedora.

Um gol argentino é como um tango de Gardel. Denso. Forte. Emotivo.

Como país e povo, os argentinos (ao menos comigo) sempre foram gentis e amigos. Isso sem contar a beleza das paisagens, a culinária saborosa...

A Argentina também sempre tratou a bola com raro carinho. De Di Stéfano a Maradona e Messi, vimos brotar naquelas terras gênios capazes de rivalizar com os brasileiros. Isso em um país muito menor e com 1/5 menos de 'pé de obra' disponível.

Fica difícil, portanto, entender o porquê da raiva de alguns brasileiros contra nossos vizinhos. O que se leu nas redes sociais após a derrota para o Uruguai não foi rivalidade, essa sim sempre saudável. Foi algo menor.

Resisto pensar que se trate de dor de cotovelo, mas é difícil pensar em outra coisa. Falar que argentino é convencido e arrogante é muito fácil, mas quantas dessas milhões de pessoas realmente conhecem um portenho pra falar tal coisa (e como se nós fôssemos um país de humildes cordeirinhos).

Talvez, lá no fundo, o brasileiro gostaria de ver seus jogadores comemorando gols menos com coraçõezinhos e imitações tontas de bonecos e mais com seus companheiros e a torcida.

Somos acostumados a cobrar títulos aos montes e ai do time que não corresponder. Será rotulado de perdedor - que o diga o Brasil de Dunga. Quando perdemos, o que vem é a indignação. Como o melhor futebol do mundo ousa perder para um "inferior"?

Enquanto isso, mais ao sul, os argentinos sofrem com uma seca de títulos. Querem apenas ter o prazer de gritar campeão. Quando eles perdem, o que vem é a dor.

Vai ver que dorme escondido um sentimento de que eles jogam para trazer alegria à gente sofrida deles. Os nossos parecem sempre jogar para tentar comprovar sua condição de "superior" e aumentar sua fama.

Torcer contra a Argentina (e contra Uruguai, Itália, França, Holanda, Alemanha, etc) é atentar contra o futebol, violentar a tradição. Não só me nego como adoto o caminho inverso, sempre quero ver os gigantes frente a frente.

Nenhum time é nada se não existirem seus temidos rivais. E a rivalidade genuína nada mais é do que uma mistura de temor e respeito mútuo. Um sentimento paradoxalmente nobre e honrado.

Uma pena que muitas pessoas - alimentadas muitas vezes pela própria mídia e seus animadores de auditório - deturpem esse respeito e o transformem em avacalhação.

Como brasileiro, admiro demais o futebol argentino e vejo como ele completa o nosso e vice-versa. Em minha modesta concepção, isso é muito mais patriota do que sair gritando que sou brasileiro com muito orgulho e muito amor.

Pena que devo ser minoria.

Twitter do Fernando Faro: @fernandofaro
Blog do Fernando Faro: blogdosesportes.blogspot.com

P. S.: Futebol é para ser admirado e não secado.


A. J.

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