domingo, 15 de janeiro de 2012

Uma História de Super-Herói




Quando o cara é novinho ele é chamado de inexperiente. No meu caso eu podia até ser um inexperiente mas logo fui chamado de garoto prodígio. Quem estava começando a trilhar no ramo de super-herói admirava bastante os mais experientes. Cheguei a conhecer lendas vivas como o Humorista, Gavião, Dr. Brooklyn, Rors, Ozy, entre outros, que me ensinaram muito como ser herói, além de me contarem boas histórias e falarem sobre os bastidores do heroísmo. 

Foi depois de derrotar a Bolha, um poderoso inimigo que ameaçou verdadeiramente a destruição da Terra, que adquiri a fama e consagração. Depois de derrotar a Bolha não tive mais tempo para combater o crime, e até achei uma boa pois seria a oportunidade de quem estava começando para subir no ramo dos super-heróis. Campanhas e mais campanhas publicitárias, entrevistas,  talk shows, e um batalhão de coisas passaram a tomar meu tempo.  Virei um símbolo cultural altamente rentável para quem quisesse associar sua marca à minha imagem.  Passados alguns anos, me aposentei.

Os heróis de hoje não tem mais o respeito com os heróis mais experientes como havia no passado. Fui chamado de velhote um dia desses por alguns heróis mais novos. Velhote...  se fosse só isso tudo bem, mas alguns mais radicais disseram que me vendi para o capitalismo.

Embora os inimigos hoje sejam diferentes dos inimigos do passado, o mundo continua precisando de heróis, e sempre vai continuar. Considero que ainda há lugar para pessoas velhas no ramo dos heróis, tanto que estou pensando em largar a aposentadoria, voltar aos poucos à ativa, mas com descanso aos domingos, que é quando vou me reencontrar para jogar dominó e conversar com a galera da velha guarda: Ratman, Mulk, Capitão Europa, etc. A velha guarda vai me chamar de louco quando contar que vou largar a aposentadoria.


texto escrito sob influência do livro Watchmen e do filme Onde Os Fracos Não Tem Vez
A.L.

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