Quando o cara é novinho ele é chamado de inexperiente. No
meu caso eu podia até ser um inexperiente mas logo fui chamado de garoto
prodígio. Quem estava começando a trilhar no ramo de super-herói admirava
bastante os mais experientes. Cheguei a conhecer lendas vivas como o Humorista,
Gavião, Dr. Brooklyn, Rors, Ozy, entre outros, que me ensinaram muito como ser
herói, além de me contarem boas histórias e falarem sobre os bastidores do
heroísmo.
Foi depois de derrotar a Bolha, um poderoso inimigo que
ameaçou verdadeiramente a destruição da Terra, que adquiri a fama e
consagração. Depois de derrotar a Bolha não tive mais tempo para combater o
crime, e até achei uma boa pois seria a oportunidade de quem estava começando
para subir no ramo dos super-heróis. Campanhas e mais campanhas publicitárias,
entrevistas, talk shows, e um batalhão
de coisas passaram a tomar meu tempo.
Virei um símbolo cultural altamente rentável para quem quisesse associar
sua marca à minha imagem. Passados
alguns anos, me aposentei.
Os heróis de hoje não tem mais o respeito com os heróis mais
experientes como havia no passado. Fui chamado de velhote um dia desses por
alguns heróis mais novos. Velhote... se
fosse só isso tudo bem, mas alguns mais radicais disseram que me vendi para o
capitalismo.
Embora os inimigos hoje sejam diferentes dos inimigos do
passado, o mundo continua precisando de heróis, e sempre vai continuar.
Considero que ainda há lugar para pessoas velhas no ramo dos heróis, tanto que
estou pensando em largar a aposentadoria, voltar aos poucos à ativa, mas com
descanso aos domingos, que é quando vou me reencontrar para jogar dominó e
conversar com a galera da velha guarda: Ratman, Mulk, Capitão Europa, etc. A
velha guarda vai me chamar de louco quando contar que vou largar a
aposentadoria.
texto escrito sob influência do livro Watchmen e do filme Onde Os Fracos Não Tem Vez
A.L.
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